Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O "Pranto de Maria Parda" (Gil Vicente)

PROCIDADE
"É um gesto primário de oportunismo [1] (...) dissimular uma relação afectiva (...) unicamente porque não se tem coragem para assumir as consequências políticas de opções que permitiram que essa relação pessoal se misturasse com o exercício de funções de estado (...)"


Marinho Pinto, 23Nov2011
-----------------------------
[1] - e de absoluta falta de caracter, acrescentamos nós ou, como disse em devido tempo F. Louçã, "esta gente tem a espinha dorsal de um caracol"...

"A Sra ministra da justiça envergonha-se do amor...

A ministra da Justiça

Publicado às 00.36

Depois de andar a acusar-me de lhe dirigir ataques pessoais, a sra. ministra da Justiça veio agora responder à denúncia que eu fiz de ter usado o cargo para favorecer o seu cunhado, Dr. João Correia.

Diz ela que não tem cunhado nenhum e que isso até se pode demonstrar com uma certidão do registo civil. Já antes, com o mesmo fito, membros do seu gabinete haviam dito à imprensa que ela é divorciada.

Podia explicar as coisas recorrendo à explícita linguagem popular ou até à fria terminologia jurídica que têm termos bem rigorosos para caracterizar a situação. Vou fazê-lo, porém, com a linguagem própria dos meus princípios e convicções sem deslizar para os terrenos eticamente movediços em que a sra. ministra se refugia.

A base moral da família não está no casamento, seja enquanto sacramento ministrado por um sacerdote, seja enquanto contrato jurídico homologado por um funcionário público. A base moral da família está na força dos sentimentos que unem os seus membros. Está na intensidade dos afectos recíprocos que levam duas pessoas a darem as mãos para procurarem juntas a felicidade; que levam duas pessoas a estabelecerem entre si um pacto de vida comum, ou seja, uma comunhão de propósitos existenciais através da qual, juntos, se realizam como seres humanos.

Através dessa comunhão elas buscam em conjunto a felicidade, partilhando os momentos mais marcantes das suas vidas, nomeadamente, as adversidades, as tristezas, as alegrias, os triunfos, os fracassos, os prazeres e, naturalmente, a sexualidade.


O casamento, quando existe, agrega tudo isso numa síntese institucional que, muitas vezes, já nada tem a ver com sentimentos, mas tão só com meras conveniências sociais, morais, económicas ou políticas.

Por isso, para mim, cunhados são os irmãos das pessoas que, por força de afectos recíprocos, partilham entre si, de forma duradoura, dimensões relevantes das suas vidas.

É um gesto primário de oportunismo invocar a ausência do casamento para dissimular uma relação afectiva em que se partilham dimensões fundamentais da existência, unicamente porque não se tem coragem para assumir as consequências políticas de opções que permitiram que essa relação pessoal se misturasse com o exercício de funções de estado, chegando, inclusivamente, ao ponto de influenciar decisões de grande relevância política.

Tal como o crime de violência doméstica pode ocorrer entre não casados também não é necessário o casamento para haver nepotismo.

Basta utilizarmos os cargos públicos para favorecermos as pessoas com quem temos relações afectivas ou os seus familiares. Aliás, é, justamente, aí que o nepotismo e o compadrio são mais perniciosos, quer porque são mais intensos os afectos que o podem propiciar (diminuindo as resistências morais do autor), quer porque pode ser mais facilmente dissimulado do que no casamento, pois raramente essas relações são conhecidas do público.

Aqui chegados reitero todas as acusações de nepotismo e favorecimento de familiares que fiz à Sra. Ministra da Justiça. Mas acuso-a também de tentar esconder uma relação afectiva, unicamente porque não tem coragem de assumir as consequências políticas de decisões que favoreceram o seu cunhado, ou seja o irmão da pessoa com quem ela estabeleceu essa relação.


Acuso publicamente a Sra. Ministra de tentar tapar o sol com a peneira, procurando dissimular uma situação de nepotismo com a invocação de inexistência de casamento, ou seja, refugiando-se nos estereótipos de uma moralidade retrógrada e decadente.

A sra. ministra da Justiça tem o dever republicano de explicar ao país por que é que nomeou o seu cunhado, dr. João Correia, para tarefas no seu ministério, bem como cerca de 15 pessoas mais, todas da confiança exclusiva dele, nomeadamente, amigos, antigos colaboradores e sócios da sua sociedade de advogados.

Isso não é uma questão da vida pessoal da Sra. Ministra.

É uma questão de estado.

Nota: Desorientada no labirinto das suas contradições, a sra. ministra da Justiça mandou o seu chefe de gabinete atacar-me publicamente, o que ele, obediente, logo fez, mas em termos, no mínimo, institucionalmente incorrectos.

É óbvio que não respondo aos subalternos da sra. ministra, por muito que eles se ponham em bicos de pés."
Marinho Pinto, 23Nov2011



O que Marinho Pinto não disse, porque tem outra estrutura moral além de, porventura, não ter querido ser politicamente incorrecto:

- Aquilo que a visada sente que tem, ou teme ter, ou não consegue senão ter, será mesmo um  "amante", nessa preconceituosa acepção de coisa pecaminosa, clandestina e concupiscente que o termo foi CONTRAÍNDO E MANTENDO ao longo dos tempos e que, infelizmente, ainda parece MANTER.

Considerando brilhante e ecuménica (sem ironia!) a definição que faz Marinho Pinto das relações afectivas e familiares, julgo devermos ter a ousadia de lhe dizer: - Prezado António, filho, pai, cunhado, tio, primo, irmão, companheiro, o que a Senhora visada terá, fazendo jus à mentalidade todo-o-terreno / todo-o-consumo (cif. Eurico Tiago in CM) iniciada nos tempos áureos da maioria anibalesca), é um desenrasque. Não tem afectos, antes rói uns ócios nas horas do osso ou uns ossos nas horas do ócioMas numa coisa estamos de acordo, é preço a mais para o homem do talho e para a sua parentela, sobretudo se pago pelo erário público!

Procidade

Sem comentários:

Enviar um comentário