PROCIDADE
"O dinheiro, propriamente dito, é muito importante sobretudo para quem não tem mais nada p'ra ter"
Anónimo
Não se trata de tentar uma abordagem sociológica ou psicológica ao suicídio (ou sequer filosófica ou religiosa!), porque nem seria, por um lado, o local, nem, por outro, reuniríamos as condições. Além disso, desde - pelo menos - Durkheim, não faltarão estudos profundos e bem sustentados ao cídio de sui. Pretendemos abordá-lo, sim, enquanto matéria de responsabilidade social, e da moral social. Tal como as empresas na economia real, todos nós precisamos de movimentar na nossa contabilidade pessoal a quantidade suficiente, ou pelo menos, mínima, de capitais alheios para poder compensar o contínuo e inevitável movimento de contracção - expansão - contracção dos capitais próprios, e poder ainda assim dispor do suficiente cash flow na vivência quotidiana.
É cada vez maior o número de pessoas que, tornando-se auto-Administradores da sua Insolvência pessoal, a decretam e executam enquanto olham para um balanço empobrecido de companhia, integração, proximidade, relações e afectos, não sendo possível que nos não sintamos responsáveis e nos não perguntemos, mas quem, de entre nós e contra mim falando, viveu em indiferente "inadimplência" afectiva para com este "insolvente", quem de entre nós - e contra mim falando - lhe cobrou os "créditos" com excessivas exactoria ou prontidão?...
E sendo certo que em muitas situações, afinal, não existe até grande desequilíbrio entre activos e passivos, onde estava eu, que bem poderia ter ajudado a fazer uma melhor interpretação dos "balanços" e das demais peças contabilísticas?...
E não me pergunte, (acidental) leitor/a, o que é que neste breve texto é metafórico ou literal, porque o sofrimento, sendo contabilizavel nos passivos, é activo, é real, não é metaforico e, não o sendo, somos todos literalmente responsáveis enquanto pares sociais, seja no exercício das (e desde as) relações institucionais, das profissionais, das sociais ou até das familiares. Somos todos agentes a tempo inteiro da única economia de mercado digna desse estatuto superlativo, a vida em sociedade. E somos todos moral e socialmente responsáveis sempre que um dos nosso pares decide exonerar-se do seu (seja real ou apenas suposto) passivo restante.
Velha Humanitas
Sem comentários:
Enviar um comentário