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terça-feira, 15 de maio de 2012

Portugal, um país de ricos

parábola env. p/Carlos Ramos:

                                    "quem distingue ou separa as 'éticas' numa 'ética para a vida', uma ´'ética para os negócios', uma                                         'ética para a profissão', acaba, irremediavelmente, por nem ter nem praticar ética nenhuma". Zef,VR
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Alegação: "Os portugueses, não são pobres, são é muito estúpidos" 


- "Um português recebeu de um seu amigo nova-iorquino que conhece bem Portugal a seguinte resposta, quando lhe disse: Sabes, nós os portugueses, somos pobres, somos um país pobre:   "Como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capazes de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu?...

- Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de electricidade e de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA?...

- Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços e por cartas de crédito ao triplo que nós pagamos nos EUA?...
 - Ou quando comprais um carro que a mim me custa 12.000 US Dólares (8.320 EUROS) e vós pagais mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro?...
- isto é, podeis dar mais 11.640 EUROS de presente ao vosso governo de que nós ao nosso?...


Um Banco privado vai à falência e vocês, que não têm nada com isso pagam; outro, uma espécie de casino, o vosso Banco Privado faliu, e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado.


Vocês pagam ao Governador do vosso Banco de Portugal um vencimento anual muito superior ao que nós pagámos ao Governador do Banco Federal dos EUA...

Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Lucros por adiantado e sobre rendimentos pessoais mediante retenções, tem necessariamente que nadar em abundância, além de estar seguro de que os negócios da Nação e de todos os seus habitantes terão sempre lucros, apesar da inadimplência, do mau comportamento das seguradoras, de assaltos e outras ocorrências aleatórias, além do saque fiscal e da corrupção dos seus governantes e dos seus autarcas. Um país capaz de pagar o que pagais aos funcionários do estado e aos administradores das empresas públicas é um país de recursos ilimitados.

Nós, sim, somos pobres. Em New York, por exemplo, o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes, cobra somente 2 % de IVA, mais 4% do imposto Federal, isto é 6%. Nada comparado com os 23% dos ricos que vivem em Portugal. E$ vós, contentes com estes 23%, pagais ainda impostos municipais!...


Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da electricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública.


Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre o ordenados se ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou menos os vossos 2.080 euros.

Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da electricidade. Pagais até  segurança privada nos Bancos, urbanizações, municípios, etc., enquanto nós, como somos pobres que somos, nos conformamos com a segurança pública.

Vós enviais os filhos para colégios privados, financiados pelo estado (nós) enquanto nós nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar...

Afinal, vós, portugueses, não sois pobres, gastais é muito mal o vosso dinheiro. Não sois pobres, sois é muito estúpidos!"

"E como anexo, mandou o seguinte relatório:
   
Um  dos Motivos por que o Governo se tornou fiador de 20 mil  milhões de euros de transacções intra bancárias é que os governantes de hoje vão ser os gestores amanhã, assim como os de ontem antes foram governantes:

1º - Fernando Nogueira:
Antes - Ministro da  Presidência, Justiça e Defesa
Depois - Presidente do  BCP Angola

2º - José de Oliveira e Costa:
Antes  - Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais
Deois  - Presidente do Banco Português de Negócios  (BPN)

3º - Rui  Machete:
Antes - Ministro dos Assuntos  Sociais
Depois - Presidente do Conselho Superior do  BPN;  Presidente do Conselho Executivo da  FLAD

4º - Armando Vara: (AQUELE A QUEM O SUCATEIRO DAVA CAIXAS DE ROBALOS)
Antes - Ministro adjunto do   Primeiro Ministro
Depois - Vice-Presidente do  BCP, após passar pela CGD

5º - Paulo Teixeira Pinto:  (o tal que antes de trabalhar já estava reformado)
Antes - Secretário  de Estado da Presidência do Conselho de  Ministros
Depois - Presidente do BCP (Ex. - Depois de  3 anos de 'trabalho'; saiu com 10 milhões de  indemnização !!! e mais 35.000EUR x 15 meses por ano até  morrer

6º - António Vitorino:
Antes -Ministro  da Presidência e da Defesa
Depois -Vice-Presidente da  PT Internacional; Presidente da Assembleia Geral do  Santander Totta - (e ainda umas 'patacas' como  comentador RTP)

7º - Celeste Cardona: (a tal que só aceitava o lugar na Biblioteca do Porto se tivesse carro e motorista às ordens - mas o vencimento era muito curto)
Antes -  Ministra da Justiça
Depois - Vogal do CA da

8º - José Silveira Godinho:
Antes - Secretário  de Estado das Finanças
Depois - Administrador do  BES

9º - João de Deus Pinheiro: Antes - Ministro da  Educação e Negócios Estrangeiros
Depois - Vogal do CA  do Banco Privado Português (O TAL QUE DEU O BERRO).

10º - Elias da  Costa:
Antes - Secretário de Estado da Construção e  Habitação -
Depois - Vogal do CA do  BES

11º - Ferreira do Amaral:
Antes - Ministro das  Obras Públicas (que entregou todas as pontes a jusante  de Vila Franca de Xira à Lusoponte)

Esta lista é uma vaga amostra; podes escolher livremente os apelidos e encontrar as dezenas de compatriotas ricos que aqui faltam e a quem remuneras principescamente, quer através do que pagas aos bancos, quer através dos soberbos impostos que pagas, ao teu estado. Olha mais exemplos:

Apelido Amaral: o Mira que espuma pela boca e que te comprou por 40 milhões o BPN que te custou 10.000 milhões;
Apelido Faria: o de Oliveira da CGD e depois do BCP,
etc., etc., etc.
... Desculpa, oh tuga, tu não és pobre, tu és é ou burro ou paspalho!!!"

sábado, 5 de maio de 2012

Mas que classe da mé(r)dia!

O Ardina 
Como diria o Sr Costa do café dias depois, "a promoção do pingo doce não foi a pensar nos mais pobres, quem ganha o salário mínimo já o deve ainda o mês não começou e no fim do mês, mal recebe, fica de novo de mãos vazias e nem 50 euros tem para fazer as tais compras no valor mínimo de 100 euros!". É absolutamente verdade. Este deplorável golpe de arrogância + humilhação, de sobranceria + submissão foi proposto/dirigido apenas àquela que é historicamente a mais PROSTITUTA E COLABORACIONISTA das classes sociais, a "classe média", e esta, mais uma vez, colaborou. Não recuando muito mais na história, é a mesma classe média sensorialmente dominada pelo esófago que levou ao/tolerou o Governo de Vichy, é a do Chile de 73, é a da Espanha falangista e do golpe de Tejero Molina. Por cá e neste Portugalete, é a que se fez senhora nas colónias africanas, é a que confirmou Marcelo Caetano nas eleições de 69 e de novo nas de Outº de 73 mas que seis meses depois (a 26 de Abril de 74) sai à rua de cravo na mão para festejar a liberdade mas apostou no sindicalismo amarelo-moderado, é ainda a mesma que há quase 30 anos alterna entre o ultra-liberalismo cavaquista e o neo-liberalismo dos socialistas, elege o Cavaco e o cavaquismo, depõe o Cavaco, repõe Cavaco e cavaquismo nas mesmas ou noutras embalagens, conforme cada um destes dois grupos de merceeiros lhe vá mantendo a medíocre expectativa duma subidita do poder de compra para mais um ou dois sacos de mercearia em promoção (mesmo que no limiar dos prazos de validade), para mais uns farrapitos nos saldos pós-natalícios, ou aproveitar idênticas promoção para fazer uma viagem aos trópicos nas férias da Páscoa. Somos todos povo mas a "nossa" classe média nunca quis ser o Povo, nem antes, nem depois do 25 de Abril. A palavra Povo tem para a classe média um estigma milenar de pobreza que lhe não agrada, não satisfaz a sua ferida narcísica nem serve à sua narrativa pessoal e social e sem um quadro heráldico pós-moderno que atribua (de)graus e distinções, faz-se (ou aspira a ser) doutora e/ou a ter filhos doutores. Doutores professores, doutores escribas, doutores funcionários, doutores administrativos, doutores funcionários-bancários, mas doutores. Povo é que não!
Não se surpreenda por isso quem viu o que cá se passou nas tais promoções e como mais um (e apenas mais um qualquer) Ebenezer Scrooge  contou com a colaboração desta "classe" sua colaboração para tentar aterrar sob detritos/esterco biológicos e não biológicos (cascas de cebola, folhas amarelecidas de couve, penca e alface, embalagens plásticas de óleo vegetal ou de detergente, etc.) o dia 1º de Maio. A classe média não faz registos nem valorações a este nível. Faria, quando muito, se a mesma promoção coincidisse com o aniversário de casamento, ou com a festinha de aniversário dos filhos em idade escolar, ou o aniversário da formatura dos filhinhos doutores e ainda assim não passaria disso mesmo, um mero aborrecimento formal, porque noutro qualquer dia, mesmo à semana, atestaria um qualquer artigo-quarto que lhe justificasse a falta ao trabalho. Perdão, ao emprego.

Há umas boas três décadas atrás Claude Lelouch realizou o filme Les uns et les outres e mostrava da II Guerra Mundial as ambiências, aspirações e sobrevivências à margem dos estritos cenários de Guerra, bem como o pós-guerra mais imediato. Mais musical que historiográfico ou sociológico,  o filme não deixa de ter como tema central a II Grande-guerra e das múltiplas estórias paralelas que narra, destacaria para dela me servir como alegoria sobre a classe média a estória de uma francesa que manteve o (ou até subiu no) seu estatuto...dando-se muito bem com os ocupadores nazis. Na minha alegoria (e dele, Lelouch, estória), logo após a libertação, o Povo premiou com humilhação e ostracisação (até com alguma barbaridade, confesso) o espúrio e ultrajante colaboracionismo da dita compatriota francesa. Pena que na História o não tenha feito ainda e resoluta, cabal e definitivamente.

O Ardina






O diagnóstico psiquiátrico como prática moral


PROCIDADE
I
"Cuando entras acá eres loca e cuanto más te esfuerzas en demostrar que eres normal, mas te van a creer loca hasta que te neutralizan; lo que tienes que hacer es tornarte invisible…”
súmula de consensos...

Juízo moral, preconceito, que escrutínio?
II
"Os meros sintomas ou o pré-diagnóstico de alterações de comportamentais como validação não só do juízo médico, mas também judicial; a institucionalização  da "pessoa doente" ao nível médico e o controlo moral e social normativo exercido pelos tribunais. E nestes meandros, 
    - quem escrutina estes processos junto de hospitais, tribunais, médicos e magistrados?
    - que escrutínio Democrático?
ZVR - Abr/2012

III
Há uma diferença substancial entre as doenças médicas e as doenças psiquiátricas quando o diagnóstico destas últimas tem uma função de controlo social normativo, tomando como factos médicos determinadas alterações do comportamento.
O ponto de partida da força do diagnóstico psiquiátrico é a assumpção forte de que há uma equivalência entre as doenças psiquiátricas e as doenças médicas, com a implicação de que as doenças psiquiátricas são causadas por uma disfunção corporal e podem ser tratadas como tais doenças. Todavia, quando perspectivamos alterações do comportamento e olhamos para a pessoa como ser moral, a definição daquilo que é ou não é doença depende obviamente dos valores culturais e normas sociais, em contraste com aquilo que se passa no diagnóstico médico.
De resto, a assumpção de doença mental é realizada pelos indivíduos, famílias ou outros profissionais de saúde e só depois é validada pelo rótulo formal colocado pelo psiquiatra que assim responde a um requerimento social e moral. Assim, o diagnóstico psiquiátrico serve uma função pragmática de reforçar a aplicação apropriada de meios ou sanções para lidar com pessoas que se desviam de determinadas normas de conduta.
Convém realçar que o diagnóstico médico só funciona porque se apresenta como uma actividade médica, sendo por isso inquestionável.  
Lembre-se a propósito o dramático caso da filha do fundador do Diário de Notícias, Maria Adelaide Coelho que se apaixonou pelo motorista, um mancebo bem parecido e que foi internada compulsivamente e cujo relatório assinaram os Drs. Júlio de Matos, Sobral Cid, Egas Moniz e Bettencourt Rodrigues, as maiores autoridades médicas ao tempo: "Trata-se dum dramático episódio de loucura lúcida que é o tormento das famílias e uma fonte viva de escandalosos pleitos judiciais" (Cf.in "Doidos e Amantes" de Agustina).
           O internamento compulsivo é apresentado, na actual Lei de Saúde Mental, como servindo os melhores interesses do doente, mas é óbvio que a Lei procura também facilitar o modus operandi do controlo de pessoas que têm um comportamento violento ou se afastam de algum modo das normas sociais. Deste modo, o diagnóstico psiquiátrico torna-se também um instrumento político para reforçar a aplicação de medidas de "cuidado" e de controlo sobre as pessoas com alterações do comportamento.
Em sinopse, o estado delega em técnicos a resposta a situações classificadas a priori como sendo de doença mental. Os técnicos raras vezes têm a noção da natureza política do seu acto "médico". Por outra parte, a sua tarefa, por ser considerada tecnicamente complexa, fica isenta do escrutínio público, conquanto, dada a sua natureza de prática moral, requerer participação democrática e controlo.

Z. Venade Ribeiro
Abr/2012