
PROCIDADE
E pronto, lá aconteceu hoje de novo a "abertura do novo ano judicial".Mantém-se a nossa estupefacção perante esta repetida abertura quando o ano já vai a meio, um pouco como um comerciante que abrindo as portas do seu estabelecimento às nove pontualíssimas horas, ao meio-dia menos um quarto exclamasse - bom, declaro a loja aberta; ou um padre que estivesse a dizer a missa e ali pela altura da comunhão diz - ah, é verdade, vamos começar a missa!...
O ano "novo" podia acontecer após a "férias-grandes judiciais"; em Setembro, portanto. Podia ainda acontecer logo no início do ano civil (e após as pequenas-férias judiciais natalícias). Mas não, acontece sempre em véspera do carnaval (significativo!) e a meses das próximas férias-grandes. ´´E como "abrir o ano lectivo" no início das aulas... do segundo semestre!

Desfiaram-se duas horas de discursos, o de Marinho Pinto, no seu melhor e mais acutilante estilo, laminar, abrangente, completo, o do PGR que não desmereceu, embora mais institucional e depois aquele que, por vir de quem vem, terá sido o mais surpreendente dos discursos (não desfazendo na interessante problemática trazida pela Presidente da A.R.), o do Presidente do Supremo Tribunal e do Conselho Superior da Magistratura, cujo teor sócio-político merece nota e referência: Invocando os pensadores do "Estado" desde o séc. XVII e as origens do "contrato social", deixou um velado e arrepiante recado aos decisores governamentais e políticos que não se resume - e espero não me enganar - àquilo que resumiram nas horas seguintes os meios de informação (algo como "não mexam nos direitos adquiridos dos magistrados"), pelo contrário, penso que terá sido um aviso sério e preocupado (na linha de outros, recentes e igualmente sérios) de que este atropelo ao "contrato" e a consequente trucidação de direitos, o agravamento das condições de vida ou sobrevivência dos que já têm pouco e o agravamento dos fossos sociais venha a ter como consequência, já não apenas (ainda que, por si só, assazmente preocupante) o aumento da criminalidade, mas sobretudo a guerra social, a guerra civil.
Procidade
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