"... Quando comparado com os restantes parceiros europeus, no que toca ao retrato por regiões, Portugal até nem faz má figura. O cenário só piora quando os advogados portugueses surgem em 11.º lugar num ranking mundial de países, classificados de acordo com as respostas dos seus profissionais: 65% dos inquiridos consideram que, por cá, a corrupção é algo habitual no sector.
No cômputo geral, e de acordo com o estudo internacional apoiado pelo Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC), à frente de Portugal só o Paquistão, China, Guatemala, Ucrânia, Peru, Colômbia, Argentina, Rússia, México e Nigéria (por esta ordem descendente). No extremo oposto, ou seja, os países cujos advogados questionados consideraram que a corrupção não é um problema no seu ramo, surgem a Dinamarca, Japão, Luxemburgo, Uruguai, Canadá e Chipre.
Cerca de 85% dos causídicos portugueses admitiram também que a legislação nacional e os regulamentos profissionais são ineficazes na prevenção e combate à corrupção internacional e ao branqueamento de capitais. Valor igual ao da Rússia, similar ao da Nigéria e só ultrapassado pelos da Venezuela e Argentina.
São ainda os jovens advogados, dos 20 aos 30 anos, que dão conta de tal fenómeno. Já os veteranos do Direito pouco o referenciam. Aliás, se mais de 65% dos jovens denunciam a existência de corrupção, esse indicador cai a pique entre os profissionais com mais de 51 anos.
Desconhecimento elevado
Por áreas mundiais, o relatório "Riscos e ameaças de corrupção e a profissão de advogado" aponta à Comunidade dos Estados Independentes, como a Rússia, Ucrânia ou Azerbeijão, os piores indicadores.
São daquela região os profissionais jurídicos que mais afirmaram conhecer colegas envolvidos em corrupção internacional; acreditam que colegas já funcionaram como ponte para a prática corruptiva com um governante; ou que a corrupção é algo comum dentro da classe.
No geral (ler outros dados na caixa), metade dos inquiridos consideram o fenómeno um problema com que o sector se depara.
Os entrevistados admitiram também que um número significativo é abordado para actuar como agente ou intermediário em transacções suspeitas internacionais.
Realizado pela Organização Internacional das Associações de Advogados (IBA) e Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico (OCDE), o estudo recomenda a formação destes profissionais e a criação de programas jurídicos sobre suborno e corrupção transfronteiriça."
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