ALMANAQUE DA MEDIOCRIDADE
Às vezes, este delírio chega ao ponto de ser um elemento ou personagem dos mídia a autopromover-se a guru, fenómeno recorrente num certo canal de TV e que a mim, particularmente, me causa/causava/causou um danado e enrodrigado crespo.
Retomando a ideia dos diálogo improváveis - julgo que desse mesmo canal - deste vez é o DN (https://www.dn.pt/edicao-do-dia/23-mai-2020/marcal-grilo-e-nuno-crato-nao-ha-nada-que-substitua-as-aulas-presenciais-12229670.html),
"Marçal Grilo e Nuno Crato: 'Não há nada que substitua as aulas presenciais'
O DN desafiou Eduardo Marçal Grilo, ministro da Educação no governo PS de António Guterres, e Nuno Crato, ministro no governo PSD de Passos Coelho, a encontrarem-se e a debaterem o futuro da Educação.
Ana Mafalda Inácio (Texto) Gerardo Santos (Fotos)23 Maio 2020 — 00:12
É o ecrã gigante na parede ao fundo da sala do oitavo andar do espaço Iniciativa Educação, em Lisboa, que nos reúne à conversa durante quase duas horas. Nuno Crato (N.C.) recebe-nos no local onde hoje lidera aquele projeto e Marçal Grilo (E.M.G.) acompanha-nos à distância, por Zoom, de sua casa.
A pandemia assim o obriga, mas será este o futuro da educação? Acreditam que não. Ambos defendem que este novo coronavírus não veio para revolucionar o que foi uma das "mais extraordinárias invenções da humanidade": o ato educativo, presencial, a transmissão do conhecimento cara a cara, olhos nos olhos."
(o sublinhado é nosso)
O bi-monólogo assistido destes dois gurus (que continua, ver a notícia no Link acima ou a transcrição abaixo) teve nesta, a mais retumbante e acurada resposta:
"A necessidade de ensino presencial é tanto maior quanto menor for a literacia do aluno e quanto menos desenvolvido for o seu ambiente familiar e social e logo, a dificuldade em utilizar as ferramentas de autoaprendizagem.
O caminho deve, pois, ser proporcionar ao discente ferramentas e a maneira de as usar, para ele próprio se ir tornando independente a aprender.
Quanto melhor ele estiver adaptado às ferramentas de aprendizagem à distância, menos necessidade ele terá do apoio presencial do professor.
Os protagonistas do diálogo aqui reproduzido estão "viciados" nos antigos métodos e, nota-se, estão com dificuldades em acompanhar a evolução pedagógica.
(masi uma vez, os sublinhados são nossos).
Pois é. É que num mundo agrário como ainda terá sido, porventura, o dos dois monologantes, idade era sabedoria. Mas num mundo vertical e horizontalmente tecnológico e digital como aquele que se vive nos últimos 50 anos, idade mais depressa será... obsolescência; e obsolescência [pensamento obsoleto] é o que está contido em abundância nesta conclusão, "... o que foi uma das "mais extraordinárias invenções da humanidade": o ato educativo, presencial, a transmissão do conhecimento cara a cara, olhos nos olhos."
Ou talvez não. Talvez a obsolescência do pensamento seja bem mais antiga. Por alguma razão Shakespeare colocou este desabafo na ''boca'' do criado do Rei Lear, "Pobre Lear, que chegou a velho antes de ser sábio"...