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terça-feira, 21 de março de 2017

O Intendente


Procidade - Cidadania e dignidade
Este sujeito arrisca-se a ficar na História pelas razões mais impopulares, antissociais e até antidemocráticas. Começou pela polémica que gerou há quase duas décadas, quando Manuela Ferreira Leite (salvo erro), ministra do governo de Durão Barroso, o quis como cobrador-mor dos impostos, acedendo Paulo Macedo nestas condições, eu prometo assanhar a cobrança fiscal, cobrar os impostos pela raiz e encher os cofres do erário, mas como sou um executivo bem-sucedido e bem pago, não vou por qualquer preço; tendes que me pagar quatro ou cinco vezes o que ganha o Primeiro-Ministro ou o Presidente da República. Esta frieza mercenária trouxe-o para a berlinda da mais notória e badalada impopularidade.
O governo de Durão terminou... na presidência da Comissão Europeia, sucederam-se dois governos de Sócrates (ou Governo e meio) e no XIX Governo eleito em 2011 eis que surge de novo este cidadão, agora já conformado com os honorários de servidor público e para usar enquanto Ministro da Saúde a mesma mentalidade de exator e impor as soluções mais antissociais e desumanas, ao ponto de ter sido distinguido com esta referência no Livro "Nova Teoria do Mal" publicado por Miguel Real (D. Quixote.2012):

"Recentemente um ministro ofereceu-nos um perfeito exemplo da tese

sobre a banalidade do mal de Hannah Arendt. Suportado num documento programático assinado pelo [XIX] Governo Português com instâncias financeiras e políticas internacionais [a 'Troika'], apresentou um documento legal que, na prática, inibe um número superior de transplantes nos hospitais públicos, o que significa, segundo uma técnica superior que de imediato se demitiu, que "haja doentes que se podem salvar mas que vão morrer porque o país está em dificuldades económicas" (Público, 3/9/2011). Ou seja, o Ministro, certamente homem de existência a mais normalizada, sem comportamento desviante, de registro criminal impoluto, porventura frequentador dos concertos da Gulbenkian ao fim da tarde, o marido mais amoroso, o pai mais extremoso, o crente mais devoto, o colega mais gentil, o cidadão mais pacífico e cumpridor, sente-se habilitado, como Adolf Eichmann, a cometer os atos mais violentos e bárbaros desde que a sua ação se encontre legitimada por um sistema social e político ou uma teoria filosófica ou religiosa - é a "banalidade do mal" prosseguida por homens normais, sem aleijões psíquicos [1], entorses sociais de infância ou traumas psicanalíticos. A ação deste ministro evidencia-se hoje como a face do mal - homens "bons", no Governo, na direção das empresas e nas instituições, praticando o mal com o à-vontade de quem está praticando o bem..." (pp. 12,13).
E como não há duas sem três, ei-lo de novo chamado a fazer o que faz melhor, cortar cega e desapiedadamente: nomeado para a CGD pelo Governo de Costa, anunciou há dias como plano de recuperação da CGD 2200 despedimentos e o encerramento de  180 balcões e cujo critério de encerramento será o da majoração dos ganhos isto é, o plano de encerramento de balcões terá em conta “o peso do negócio” de cada agência e não a necessidade que represente para as populações.
É de novo a frieza mercenária do executivo/executor Macedo, mas é também a exposição da falácia do "banco público" em que alinham os partidos à esquerda do PS. Um banco não é público apenas porque o seu acionista é o Estado, um banco é público se presta um serviço público distinto do estrito escopo lucrativo da banca comercial privada.
[1] - o que não será necessariamente verdade, levando em conta o que sobre estes comportamentos dizem os psicólogos do trabalho: "...Não se trata de profissionais apenas ambiciosos. São o que os especialistas em comportamento chamam de psicopatas corporativos..."
(Fonte G1 - Globo-Br)

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