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sexta-feira, 31 de março de 2017

Quem vê 'caritas' não vê corações

Março 10 2017 (http://omeupontodevista.blogs.sapo.pt/ha-coisas-incompreensiveis-519237)
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"Então não é que a Cáritas de Lisboa tem reservas de 2,4 milhões de euros e uma quantidade enorme de imóveis devolutos, i.e., sem renderem o que quer que seja? Uma IPSS, e ainda por cima ligada directamente à Igreja Católica, com um procedimento destes não é admissível. Que tenha o seu pé-de-meia para uma emergência, todos lobrigamos. Mas tanto? E com tanta miséria à sua porta? O que Cristo diria e, sobretudo, faria se viesse à Terra? Sorte a deles, pois seriam corridos tal como foram os vendilhões do templo.
A agravar a situação, a prestação de contas que, por Lei, é obrigatória, bem como a respectiva publicitação, só o foram porque o Público assim o exigiu em tribunal. Lindo exemplo! Não é só na política que estamos mal servidos. Muitos lugares na Igreja existem a necessitar urgentemente de uma varredela.
Deixo, desde já, a minha declaração de interesses. Como contribuinte líquido para a Igreja Católica, da qual me honro de fazer parte, imponho duas coisas: uma explicação cabal destas situações e o fim imediato das mesmas. Ah, já agora, Fátima, ao contrário do que ouço por aí, não é a mesma coisa, já que não se trata de uma IPSS, tendo apenas por obrigação prestar contas a quem de direito, ou seja, à Conferência Episcopal Portuguesa.
Atenção, porém, que o caso da Cáritas de Lisboa não é único. Segundo informações vindas a público, Coimbra e Setúbal andam pelos mesmos caminhos. Infelizmente não pelos do Senhor."
publicado por Hernani de J. Pereira às 10:00
ver tb
http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/escandalos-nas-instituicoes-de-solidariedade

quinta-feira, 23 de março de 2017

IPSS Verbis


"A indústria da acção social"


"
Bruno Faria Lopes19 de março de 2017 às 20:30

A indústria da acção social

Sem pôr em causa a importância das IPSS, é possível criticar vários aspectos da sua acção. A maioria é gerida por voluntários e tem dificuldade em atrair boa gestão. A opacidade é enorme.

1. O Estado não assumiu historicamente responsabilidade directa sobre a caridade – ou, na versão mais moderna e abrangente, sobre a acção social. Das Misericórdias no século XV à Casa Pia no século XVII, foi a Igreja a fazer o trabalho. A ausência prolongou-se no Estado Novo e, quando os políticos pós-revolução compararam a capacidade ínfima do Estado nesta área com o que já existia no terreno, decidiram pragmaticamente continuar o modelo que torna Portugal numa "originalidade", para citar o sociólogo Pedro Adão e Silva.

2. A Igreja tem um peso grande na acção social, mas as instituições particulares de solidariedade social, ou IPSS, são também uma resposta da sociedade civil, o que não deixa de ser relevante no país do individualismo. Uma parte dessa resposta tem a ver com incentivos públicos. Sucessivas políticas incentivaram desde 1974 a criação de milhares de IPSS: de menos de 1.500 em meados dos anos 80 passámos para quase 4.000. 

3. Quando falamos de "acção social" falamos de coisas importantes e dirigidas preferencialmente, em tese, a quem tem menos: creches, ensino-pré-escolar, lares de idosos, acompanhamento ao domicílio, serviços usados em 2015 por 535 mil pessoas. O Estado delega e paga: nesse ano transferiu um recorde de 1.500 milhões de euros para as IPSS (não contando a despesa fiscal em isenções e benefícios). Mais de 70% vai ao abrigo de acordos de cooperação, que contratualizam o apoio estatal – uma parceria público-privada, atomizada por milhares de operadores.

4. Sem pôr em causa a importância das IPSS, é possível criticar vários aspectos da sua acção. A maioria é gerida por voluntários e tem dificuldade em atrair boa gestão. A opacidade é enorme. Não há publicação de contas e actividades – nem os doadores de milhões conseguem uma prestação elementar de resultados, como mostra a história da SÁBADO desta semana sobre o caso da Cáritas Diocesana de Lisboa, noticiado inicialmente pelo Público. As irregularidades e fraudes abundam. A fiscalização é curta. E há dúvidas sobre o próprio modelo de relação com o Estado. O financiamento público da oferta de serviços, por exemplo, não desincentiva as IPSS de seleccionarem famílias com mais recursos, maximizando a receita à custa do combate à desigualdade.

5. A indústria da acção social é um lóbi forte. Tem, por um lado, a força da Igreja. E tem, por outro, o não menos importante apoio dos autarcas, que se aliam às entidades valorizadas pelos eleitores (e que, em alguns casos, têm relações cruzadas com as IPSS). Estes apoios e a imagem de que trabalha em "caridade" fazem com que esta seja uma PPP difícil de reformular. Nem um Governo socialista suportado por Bloco e PCP (hostis ao modelo das IPSS), e com uma secretária de Estado da Segurança Social que defendeu uma interessante tese de mestrado sobre o assunto, parece ter vontade em fazê-lo – muito menos em ano de eleições autárquicas. 

6. O aperto da fiscalização da Segurança Social e a publicação das contas das IPSS não dependem, contudo, destes condicionalismos políticos – ambas deviam ser prioridades da tutela nesta área. Como devia ser a prioridade das confederações de IPSS apertar a gestão e a transparência antes que alguém o venha impor. A pressão criada pela publicação destes casos é um risco para toda esta indústria que também vive de donativos. A mediatização junta-se às denúncias mais frequentes de pessoas contra más práticas nas IPSS – um sinal de evolução social e uma oportunidade para obrigar estas instituições a mudar."

terça-feira, 21 de março de 2017

"Cá se fazem, cá se pagam"...

Docente acusada de maltratar aluna
(escola da Ortigueira, Palmeira Braga)

http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/docente-acusada-de-maltratar-aluna-da-primaria?ref=Bloco_CMAoMinuto


Por Liliana Rodrigues|20.03.17
Professora Maria do Céu “humilhava” a criança
O Ministério Público de Braga não tem dúvidas: a professora primária Maria do Céu Almeida, de 52 anos, cometeu um crime de maus-tratos sobre uma aluna, de sete anos, durante dois anos letivos.

A docente tinha a seu cargo uma turma da Escola Básica do 1º ciclo de Ortigueira, em Palmeira, Braga, e também foi condenada por violar o dever geral de correção no processo disciplinar interno a 50 dias de suspensão, mas a pena está suspensa por um ano.

Estará nesta altura a desempenhar funções administrativas. Na acusação, o procurador afirma que entre 2014 e 2016 "era prática corrente a arguida bater na aluna das mais diversas formas, tais como pontapés, estalos e ‘croques’ na cabeça" e que "devido à força empregue, a magoava e fazia chorar".

A acusação afirma que apelidava a menina de "burra, burróide, estúpida e filha da p...". Mais: "a arguida desferia golpes na cabeça da criança com uma vara de madeira, que trazia sempre consigo, por ela não saber ler".

A acusação sustenta que atuou "conscientemente para magoar a aluna, causar medo e a humilhar perante os colegas".


 

O Intendente


Procidade - Cidadania e dignidade
Este sujeito arrisca-se a ficar na História pelas razões mais impopulares, antissociais e até antidemocráticas. Começou pela polémica que gerou há quase duas décadas, quando Manuela Ferreira Leite (salvo erro), ministra do governo de Durão Barroso, o quis como cobrador-mor dos impostos, acedendo Paulo Macedo nestas condições, eu prometo assanhar a cobrança fiscal, cobrar os impostos pela raiz e encher os cofres do erário, mas como sou um executivo bem-sucedido e bem pago, não vou por qualquer preço; tendes que me pagar quatro ou cinco vezes o que ganha o Primeiro-Ministro ou o Presidente da República. Esta frieza mercenária trouxe-o para a berlinda da mais notória e badalada impopularidade.
O governo de Durão terminou... na presidência da Comissão Europeia, sucederam-se dois governos de Sócrates (ou Governo e meio) e no XIX Governo eleito em 2011 eis que surge de novo este cidadão, agora já conformado com os honorários de servidor público e para usar enquanto Ministro da Saúde a mesma mentalidade de exator e impor as soluções mais antissociais e desumanas, ao ponto de ter sido distinguido com esta referência no Livro "Nova Teoria do Mal" publicado por Miguel Real (D. Quixote.2012):

"Recentemente um ministro ofereceu-nos um perfeito exemplo da tese

sobre a banalidade do mal de Hannah Arendt. Suportado num documento programático assinado pelo [XIX] Governo Português com instâncias financeiras e políticas internacionais [a 'Troika'], apresentou um documento legal que, na prática, inibe um número superior de transplantes nos hospitais públicos, o que significa, segundo uma técnica superior que de imediato se demitiu, que "haja doentes que se podem salvar mas que vão morrer porque o país está em dificuldades económicas" (Público, 3/9/2011). Ou seja, o Ministro, certamente homem de existência a mais normalizada, sem comportamento desviante, de registro criminal impoluto, porventura frequentador dos concertos da Gulbenkian ao fim da tarde, o marido mais amoroso, o pai mais extremoso, o crente mais devoto, o colega mais gentil, o cidadão mais pacífico e cumpridor, sente-se habilitado, como Adolf Eichmann, a cometer os atos mais violentos e bárbaros desde que a sua ação se encontre legitimada por um sistema social e político ou uma teoria filosófica ou religiosa - é a "banalidade do mal" prosseguida por homens normais, sem aleijões psíquicos [1], entorses sociais de infância ou traumas psicanalíticos. A ação deste ministro evidencia-se hoje como a face do mal - homens "bons", no Governo, na direção das empresas e nas instituições, praticando o mal com o à-vontade de quem está praticando o bem..." (pp. 12,13).
E como não há duas sem três, ei-lo de novo chamado a fazer o que faz melhor, cortar cega e desapiedadamente: nomeado para a CGD pelo Governo de Costa, anunciou há dias como plano de recuperação da CGD 2200 despedimentos e o encerramento de  180 balcões e cujo critério de encerramento será o da majoração dos ganhos isto é, o plano de encerramento de balcões terá em conta “o peso do negócio” de cada agência e não a necessidade que represente para as populações.
É de novo a frieza mercenária do executivo/executor Macedo, mas é também a exposição da falácia do "banco público" em que alinham os partidos à esquerda do PS. Um banco não é público apenas porque o seu acionista é o Estado, um banco é público se presta um serviço público distinto do estrito escopo lucrativo da banca comercial privada.
[1] - o que não será necessariamente verdade, levando em conta o que sobre estes comportamentos dizem os psicólogos do trabalho: "...Não se trata de profissionais apenas ambiciosos. São o que os especialistas em comportamento chamam de psicopatas corporativos..."
(Fonte G1 - Globo-Br)