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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

"Psicopatas domésticos": sociopatas 'integrados' ou diluídos?

"Psicopatas domésticos": sociopatas 'integrados' ou diluídos?
PROCIDADE

Quase 3 anos depois, eis-nos "de regresso" a uma matéria premente

Os psicopatas integrados "...não sentem empatia ou compaixão [compaixão = sentir com]. São mentirosos e manipuladores (...) parecem [apresentam-se como] pessoas normais até o [ou a ] destruírem..."

A notícia - ou o trabalho - trata de psicopatas e sociopatas, sem os distinguir, o que não [nos] ajuda muito para fazer os diagnóstico defensivos no nosso quotidiano comum. Tanto mais que não sendo diagnósticos clínicos mas tão só designações - cada vez mais - comuns para referir ou classificar comportamentos antissociais ou associais, há quem use o termo psicopatia para se referir a psicoses e ou psicopatologias variadas. Ora o que o artigo/estudo trata é o tipo de comportamento -  ou transtorno - social que até já no senso comum (ou na ciência comum) se designa por sociopatia, sendo aconselhável fazer a substituição mental do termo psicopata, sempre que este aparece no texto, pelo termo sociopata [1]

De qualquer forma, este diferendo não diminui a importância do artigo: Este tipo de pessoas estão, de facto, socialmente diluídas e "integradas", a sua ação é maldosa, malévola e malfazeja [2], antes mesmo de fazer qualquer tipo de juízo moral [3].
Mas - e para esclarecer - integrados/diluídos ou identificados/diagnosticados, os sociopatas são irrecuperáveis [4]?
de http://observador.pt/especiais/psicopatas-domesticos-eles-estao-entre-nos-e-nas-nossas-relacoes/ em 28Fev2017

"É provável que a palavra “psicopata” o leve para um cenário idêntico ao mostrado no filme American Psycho, com Christian Bale no papel principal. Acontece que nem todos os psicopatas têm um desejo mórbido de tirar vidas, embora haja aqueles que conseguem destruí-las apenas com recurso à violência psicológica e emocional. Iñaki Piñuel chama-lhes “psicopatas integrados” ou “psicopatas domésticos”. O psicoterapeuta, professor universitário e investigador espanhol é o autor do novo livro “Amor Zero — Como sobreviver a uma relação com um psicopata emocional” (editora Esfera dos Livros), que chegou esta sexta-feira às livrarias.
Piñuel, que passou os últimos 25 anos a avaliar e a tratar casos de vítimas de psicopatas integrados, quer alertar as pessoas para o facto de estas personagens narcisistas, mentirosas e manipuladoras estarem entre nós: segundo o especialista, podem ser os nossos vizinhos, amigos e até companheiros. Através de uma linguagem assertiva e um tanto ou quanto alarmista, o também conferencista explica ao Observador que o psicopata integrado não tem sentimentos ou remorsos, é frio e eficaz quando a depredar uma vítima, além de usar a sedução para se aproximar das pessoas que lhe interessam.
O assunto é, para Iñaki Piñuel, muito sério, tão sério que o especialista defende que a única solução para as vítimas destes predadores é o afastamento total, uma vez que, não sendo doentes mentais, os psicopatas não têm cura: “A única opção é sair. Não se trata de uma doença clínica e o problema não tem tratamento: a terapia funciona ao contrário, com o psicopata a aprender muitas coisas novas para manipular mais e melhor as suas vítimas. Eles, os psicopatas, não têm moral, não têm consciência. E não têm a capacidade de sentir compaixão pelas suas vítimas.
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"Chama-lhes psicopatas integrados ou domésticos. Os psicopatas não estão só nos filmes mas também entre nós. Somos ignorantes quanto à sua existência?
As pessoas normais não sabem que a maior parte dos psicopatas não são aqueles que estão na prisão, não são os assassinos, são os psicopatas a quem chamamos de normalizados ou integrados. O psicopata integrado é uma pessoa integrada na sociedade, que faz uma vida aparentemente normal, à exceção de que não tem emoções, não tem sentimentos de culpa e, portanto, é muito frio e eficaz quando se propõe a depredar uma vítima. Já analisámos, noutros livros, outros tipos de psicopatas, mas não aqueles que estão numa relação.
Escreve que são parasitas progressivos. Em que sentido?
Progressivos porque a sua forma de entrar numa relação é a pouco e pouco, sem nunca mostrar a sua verdadeira natureza. O problema é que a vítima apaixona-se, fica seduzida — porque é isso o que estes psicopatas fazem, eles seduzem. Na segunda fase, que é a fase do desprezo, a pessoa que vive numa relação com um psicopata fica completamente destruída. O problema é que as pessoas não têm informação específica e desconhecem a existência deste tipo de personalidade. Não têm informação que explique como uma pessoa pode ficar destruída sem se dar conta por causa de uma pessoa encantadora, que não precisa de a maltratar fisicamente porque fá-lo psicologicamente. Isso pode gerar um quadro psicológico de stress pós-traumático, são os quadros mais habituais."
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[1] “psicopata” ou “sociopata” não são, só por si, diagnósticos clínicos, antes surgem na linguagem comum  como termos que caracterizam pessoas referidas como "maldosas" e ou "malévolas" e que exibem traços de personalidade patológicos que a OMS (organização Mundial de Saúde) classifica  como "transtorno de personalidade antissocial" (ou pela sigla DPD) e cujos traços comuns são, a) uma forte individuação - ou exacerbada importância do id -,  b) egocentrismo e egoísmo extremos e a manipulação das pessoas através de estratagemas e mentiras para atingir os fins pretendidos, c) ausência de sentimentos, de empatia ou de sensibilidade pelos sentimentos e ou sofrimento alheios e ausência de qualquer remorso ou sentimento de culpa em relação às consequências dos atos que praticam.
Esta classificação coincide/acompanha a da Associação Psiquiátrica Americana (que publica o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que enquadra esses traços no  diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial, conhecido também pela sigla APD, que resume como os traços que exibe quem manifesta em absoluto desrespeito e violação dos direitos e da vida dos outros” e que, numa descrição mais extensiva, lista os seguintes critérios principais:
1 – Impedimentos de personalidade, incluindo a falta de remorso, egoísmo e egocentrismo, estabelecimento de metas com base na satisfação estritamente pessoal, indiferença pelos sentimentos, sofrimento e infelicidade infligida aos outros, mesmo se próximos; 
2 – Traços de personalidade patológicos, incluindo manipular, enganar, ter insensibilidade, irresponsabilidade, impulsividade, hostilidade e agressividade.
Refira-se, por fim, ainda que há uma grande diferença entre psicopatia e psicose. As duas palavras soam semelhantes e são até usadas como insultos, mas é aí que a semelhança termina:
           - Ao contrário da psicopatia, a psicose descreve as várias condições ou doenças em que há perda de contato com a realidade, se registam rápidas mudanças de personalidade e revelam problemas para funcionar. Os termos são mutuamente exclusivos, i.e., a maioria das pessoas com APD nunca terá psicose e vice-versa.
[2] - Willy Pasini, no seu ensaio "Bem me quer, mal me quer, ensaio sobre a maldade" (1995) resumo assim a maldade:
- A maldade resulta da completa ausência de capacidade empática...
[3] - evitando entrar em reflexões de natureza filosófica, a sociopatia é um aleijão moral, mas é antes de mais e sobretudo, um aleijão emocional ou afetivo; 

[4] - Quem ainda (apenas) estuda estas áreas do conhecimento mas não estuda a casuística clínica, não saberia/saberá responder. Mas vale a pena conhecer o que neste âmbito se relata que aconteceu ao neurologista James Fallon: 

"...Não há ainda unanimidade ou certeza científica sobre as causas do APD (ou DPD). Alguns cientistas reconhecem duas formas de psicopatia, a primária e a secundária, cada uma com seu próprio conjunto de causas e manifestações. Infâncias traumáticas e ambientes difíceis podem definitivamente contribuir, mas há também um componente fisiológico claro. Foi associada a um aumento do risco de comportamento violento e agressivo uma variante genética chamada MAOA-L e pesquisas cerebrais de pessoas com APD mostram baixa atividade em áreas relacionadas com a empatia, moralidade e autocontrole.

Muitos casos de APD não são diagnosticados porque as pessoas em questão estão vivendo vidas de maneira bem-sucedida e comum. Para o provar, temos o caso do neurologista James Fallon: Fallon passou décadas a pesquisar o lado anatômico da chamada psicopatia e as suas pesquisas ajudaram a identificar áreas de diferença no cérebro de pessoas com APD. Um dia, em 2005, Fallon examinava exames de cérebro de pessoas com APD, bem como os de pessoas com depressão e esquizofrenia: Sobre a mesa havia uma pilha de exames  imagiológicos de membros da família de Fallon, efetuados como parte de um estudo sobre a doença de Alzheimer. “Eu cheguei ao fundo da pilha e deparei-me com esse exame que era obviamente patológico”, disse Fallon ao instituto de pesquisa e educação Smithsonian. O cérebro na imagem parecia pertencer a um psicopata, mas as imagens e estudos do fundo da pilha pertenciam aos membros de sua família. Confuso, ele decidiu procurar o código do exame para determinar de quem era cérebro para qual estava olhando, acabando por concluir que era o seu próprio cérebro.! O seu primeiro pensamento foi que sua pesquisa tinha dado um resultado errado e que e que a baixa atividade nessas áreas cerebrais não tinha nada a ver com APD. Depois conferenciou longamente com a sua família e o que apurou deixou-o desconcertado. O que lhe relataram era muito claro, viam-no como um déspota e psicopata e a sua própria mãe, a mulher e os filhos tinham reconhecido e convivido com seus problemas de personalidade o tempo todo da forma que lhes fora possível.

Fallon submeteu-se a mais e novos exames e confirmou o diagnóstico. Com o tempo, ele percebeu que sempre soube do seu problema, mas relegava-o para causas imediatas. Releu os artigos que durante anos escreveu para o jornal britânico The Guardian, onde se queixava de queque estranhos tinham comentado que ele parecia “mal”, apesar dele se não ver como violento nem ter nunca colocado aos seus ou outros em risco ou em perigo. perigo ou risco,. Releu-se a afirmar através do jornal coisas como “Sou extremamente competitivo. Eu não vou permitir que meus netos percam jogos. Sou agressivo, mas a minha agressão é sublimada, eu prefiro ganhar a alguém numa discussão”...

“Desde que descobri tudo isso passei a investigar, fiz um esforço para tentar mudar o o meu comportamento, procurei ter mais consciência dos meus atos e procurei conscientemente fazer cada vez mais as coisas que são consideradas a coisa certa a fazer, e ainda a pensar mais sobre os sentimentos dos outros”.


Fallon acredita que o seu relativo sucesso nessa recuperação
pode pode ser resultado de ter crescido num ambiente saudável, material e afetivamente estável, com muito apoio e sem traumas, mau grado o seu problema fisiológico. Ter crescido neste ambiente familiar terno e afetuoso, segundo ele, pode ter ajudado a superar alguns de seus piores impulsos.

O APD, no que toca à parte fisiológica, atualmente ainda não tem cura. Encontrar métodos de tratamento bem-sucedidos é complicado, em parte porque as pessoas com APD tendem a sentir-se muito confortáveis com a sua personalidade e com os seus comportamentos e "sucessos", não  assim a motivação para mudar. Ainda assim, alguns, como Fallon, estão determinados a serem pelo menos um pouco melhores: “Desde que descobri tudo isso passei a investigar, fiz um esforço para tentar mudar o meu comportamento e tenho procurado conscientemente fazer cada vez mais as coisas que são consideradas a coisa certa a fazer, e a ter mais em conta os sentimentos dos outros”.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Afinal, a CGD é (como) um organismo público porquê?...


Afinal, a CGD é (como) um organismo público porquê?...
PROCIDADE

O que infelizmente continua a acontecer em relação “àquela” administração, a exploração desta gincana política, deste fait divers, uma atuação incendiária para colher dividendos políticos míseros, um matar apenas para comer que desestabiliza dentro e fora da CGD e que a nós, os governados, nos angustia e nos revolta, demonstra uma completa falta de cuidado, para não dizer indiferença, diante da governação do país e dos problemas dos governados e é uma absoluta falta de respeito por quem contribui e pelo erário que tempestivamente lhes paga o que ali estão a auferir: Os deputados custam (nos) muito dinheiro e o mínimo que deles esperaríamos seria uma governação pela positiva e não aquilo a que se assiste: sustentados pelo dinheiro que todos pagamos, o que procuram diária e sistematicamente é assegurar as suas “vitórias de pirro” partidárias e, consequentemente, privadas ou particulares. É um espetáculo deplorável e sintomático do que vale esta geração de “políticos”, que nem “trás de casa” nem adquiriu consciência, maturidade e responsabilidade social, sentido de Estado e respeito pela (parca) Democracia Representativa.

Espera-se dos deputados da nação notório saber sobre as matérias em que se envolvem e honestidade intelectual e empenho para promover as medidas que se apresentem necessárias para que tenhamos uma legislação coerente e adequada, por exemplo, e não entrar nesta corrida hipócrita e até obscurantista, como se todos nós, os que meramente elegemos, fossemos um rebanho de papalvos e ignorantes.

O quer deveria definir um organismo público teria que ser o seu escopo e, consequentemente, a sua natureza; não a sua estrutura acionista. O Instituto de Segurança Social, as Administrações Regionais de Saúde, a AT, o IMTT, as Direcções-Gerais, etc. são organismos públicos cujo escopo é o desempenho e ou fornecimento das prestações que cabem ao Estado.

Ora ao atentar em tudo o que vem acontecendo com a tão polemizada administração da CGD que lideraria  António Domingues, tem-se a sensação de que desde o legislador que ao tempo legislou como legislou e se conforma, passando pelos deputados até aos demais políticos, se trata de um enorme exército de ignorantes que não faz a mínima ideia do que é a matéria sobre a qual tanto fala, tanto discute, tanto perora:

            - Afinal, a CGD é um organismo público porquê?...
                        1. A CGD não é a “Junta de Crédito Público” que existiu até 1876;
2. A CGD é um Banco e exerce, em concorrência com BPI, Santander Totta, BES/Banco Novo, MG-CEL e outros bancos, uma atividade comercial;
                        3.A GCD não presta qualquer tipo de serviço público, bem pelo contrário: mau grado a sua carteira de clientes ser a que integra mais pessoas de baixos rendimentos e baixos recursos (sem rebuço nem eufemismos, os mais pobres!), a CGD é o Banco que mais comissões, taxas e sobretaxas aplica aos seus clientes (a que tem o mais volumoso “preçário”) e é o banco onde as comissões por natureza, comparadas com a banca “privada”, são mais altas; como costumo dizer, é um banco severissimamente coimativo e a ser público o seu desiderato, não prescinde de um prefixo: é anti-público;
                        4. A CGD, enquanto Banco, está regulado e escrutinado pelas bastantes “autoridades”, em paridade com os sues concorrentes,
                        5. o mesmo sucedendo com os seus administradores;
4. Os trabalhadores da CGD não são funcionários públicos,  são funcionários bancários, trabalhadores do setor privado, com o mesmo estatuto dos demais trabalhadores do setor bancário e abrigados pelos mesmos regime e subsistema de saúde;

Então, volto a colocar a pergunta: a CGD está subordinada às regras de organismo público, porquê?...

Porque a sua estrutura acionista é o Estado (isto é, o dono é o Povo representado pelo Estado)?...
Acaso presta (como deveria) algum serviço público (necessariamente programático, programado e integrado) que a distinga dos bancos privados?...
é muita Ignorância, hipocrisia e demagogia pretender que isso  - e apenas isso - (a propriedade),faz da CGD um organismo público ou um banco público.
Ou eu estou completamente idiota, ou estão/são idiotas V/Excias, porque a circunstância do Estado deter uma parte ou o todo do capital de qualquer empresa e ou entidade comercial, isto é, com escopo lucrativo, não teria porque fazer dessa entidade um organismo público nem que submeter essa entidade às regras dos organismos públicos/que prestam serviços públicos. Se a única forma que o Estado encontra para escrutinar os seus interesses de acionista numa entidade de escopo lucrativo é dar-lhe estatuto de empresa pública, o Estado (i.e., quem legisla, quem administra, etc.) é inepto. E além de inepto, é hipócrita. E é hipócrita porque se conforma com este estatuto híbrido da CGD: pública num par de vertentes mas privada nas demais. Ora isto não é sequer matéria ideológica, é matéria de gestão / administração pura e simples e que deixa bem patente – também – a incompetência técnica de boa parte de V/Excias.

            Concluindo, dos deputados eleitos para a assembleia legislativa, nós, os eleitores, não esperamos (dispendiosos e pouco sérios) rally-papers mas sim medidas, incluindo as legislativas, que despolitizem o que não é político, a bem da seriedade, da transparência e da eficiência administrativas.

Projeto Cidade